Por um envelhecimento activo
A velhice é, sem dúvida, uma etapa da
vida especialmente intensa, que exige uma mobilização de energia com vista ao
ajustamento ao novo universo de sociabilidades de cada um de nós.
Esta fase etária da vida caracteriza-se pela
diminuição das capacidades físicas, psicológicas e sociais, devendo ser
acompanhada por um estímulo efectivo às capacidades da pessoa idosa, tendo em
vista manter o seu papel social como pessoa e a manutenção das suas
possibilidades e capacidades de desenvolvimento.
Os idosos devem considerar a velhice
como um fenómeno natural. Isso ajuda-os a dar mais sentido à sua vida, sendo
mais felizes e a integrar-se mais no seu meio e na sociedade.
O envelhecimento pode acarretar
situações de fragilidade e dependência, mesmo em pessoas que têm uma atitude
positiva em relação à sua vida. Um indivíduo, mesmo portador de uma doença,
poderá sentir-se saudável, desde que seja capaz de desempenhar funções e
actividades, capaz de alcançar expectativas e desejos e ter projectos,
procurando manter-se activo no seu meio, ou seja, ter alguma função social que
lhe proporcione uma boa qualidade de vida.
A reforma favorece o isolamento social,
a inactividade e a depressão, uma vez que a retirada do mundo do trabalho,
independentemente da sua vontade, gera no indivíduo um sentimento de falta de
importância, utilidade e auto-estima, sobretudo numa sociedade onde o estatuto
da pessoa idosa está ligado ao trabalho e à rentabilidade.
A idade da reforma, entendida no sentido
de "deixar de trabalhar", tem repercussões diferentes em cada
indivíduo, o que quer dizer que, se por um lado existem idosos que após a
reforma continuam a ter uma vida social activa, por outro lado, a realidade
mostra-nos que a maioria acaba por "cair" na inactividade e no
desinteresse.
A maioria das pessoas idosas tem uma
fraca participação na sua comunidade, o que gera sentimentos de solidão e
desvalorização, com repercussões quer ao nível da integração sócio familiar
quer ao nível da saúde física e psíquica, para além das fracas condições de
vida em que a maioria da população idosa portuguesa vive, induzem-na a uma
fraca mobilidade e a um consumo passivo de serviços que lhes são oferecidos,
sem alternativas de escolha, sendo a pessoa idosa frequentemente dissuadida da
actividade e persuadida à inércia quase vegetativa, sendo-lhe assim vedado o
acesso à participação e intervenção nas decisões que lhe dizem respeito, como
membro activo da sociedade.
Por outro lado, ainda hoje prevalece,
numa boa parte da população, a visão tradicional da pessoa idosa como sendo
alguém inútil, isolado, em declínio biológico e mental, com problemas de saúde
e, na maioria das vezes, dependente física e economicamente de alguém.
A maior parte dos sinónimos da palavra
"velho" carregam uma conotação depreciativa. O "Velho" não
pode ser sinónimo duma pessoa que atrapalha as outras, de alguém que perdeu o
direito à dignidade, à sobrevivência, à cidadania.
A entrada na "terceira idade"
significa o início de uma nova etapa da vida que, se bem preparada e
estimulada, pode ser promissora em termos de realizações de projectos, planos e
sonhos que foram adiados e que, nesta altura, poderão proporcionar grandes
benefícios na procura de um novo sentido para a vida.
Dedicar o tempo às actividades de lazer,
de desporto e de criatividade, deve fazer parte do projecto de vida para esta
fase da existência, favorecendo novos espaços de socialização e de participação
na vida social, política, económica e cultural.
É bem verdade que o homem existe na medida em que realiza o seu projecto de
vida e as Universidades Seniores são um dos importantes meios dinamizadores
para obtenção desse desiderato.
Na "terceira
idade" devemos continuar a fazer apelo à mobilização, a continuar a fazer,
a criar, a descobrir, ou seja - a viver!
Vasco Lopes da Gama
Sem comentários:
Enviar um comentário