domingo, 29 de abril de 2012

Onde está Deus?


Onde está Deus? Pergunta o cientista,
Ninguém O viu jamais. Quem Ele é?
Responde às pressas o materialista:
Deus é somente uma invenção da fé!
O pensador dirá, sensatamente:
- Não vejo Deus, mas sinto que Ele existe!
A natureza mostra claramente
Em que o poder do Criador consiste.
Mas o poeta dirá, com segurança
De quem afirma porque tem certeza:
- Eu vejo Deus no riso da criança,
No céu, no mar, na luz da natureza!
Contemplo Deus brilhando nas estrelas
No olhar das mães fitando os filhos seus,
Nas noites de luar claras e belas,
Que em tudo pulsar o coração de Deus!
Eu vejo Deus nas flores e nos prados,
Nos astros a rolar pelo infinito,
Escuto Deus na voz dos namorados,
E sinto Deus na lágrima do aflito!
Percebo Deus na frase que perdoa,
Contemplo Deus na mão que acaricia,
Escuto Deus na criatura boa
E sinto Deus na paz e na alegria!
Eu vejo Deus no médico salvando,
Pressinto Deus na dor que nos irmada,
Descubro Deus no sábio procurando
Compreender a natureza humana!
Eu vejo Deus no gesto de bondade,
Escuto Deus nos cânticos do crente,
Percebo Deus no sol, na liberdade
E vejo Deus na planta e na semente!
Eu vejo Deus, enfim, por toda parte,
Que tudo fala dos poderes seus,
Descubro Deus na expressão da arte,
No amor dos homens também sinto Deus!
Mas onde sinto Deus com mais beleza,
Na sua mais sublime vibração,
Não é no coração da natureza,
É dentro do meu próprio coração.
                                                    José Soares Cardoso

sábado, 28 de abril de 2012

Os Donos de Portugal


Donos de Portugal é um documentário sobre cem anos de poder económico.

O filme retrata a proteção do Estado às famílias que dominaram a economia do país, as suas estratégias de conservação de poder e acumulação de riqueza.

Mello, Champalimaud, Espírito Santo -- as grandes famílias cruzam-se pelo casamento e integram-se na finança. Ameaçado pelo fim da ditadura, o seu poder reconstitui-se sob a democracia, a partir das privatizações e da promiscuidade com o poder político. Novos grupos económicos -- Amorim, Sonae, Jerónimo Martins - afirmam-se sobre a mesma base.

Quando a crise desvenda todos os limites do modelo de desenvolvimento económico português, este filme apresenta os protagonistas e as grandes opções que nos trouxeram até aqui.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Pequeno país segundo Saramago




O País é Pequeno e a Gente que nele Vive também não é Grande
Em tempos disse que Portugal estava culturalmente morto. Talvez o tenha dito em determinado momento, mas também o diria hoje porque Portugal não tem ideias de futuro, nenhuma ideia do futuro português, nem uma ideia que seja sua, e vai navegando ao sabor da corrente. A cultura, apesar de tudo, tem sobrevivido e é aquilo que pode dar do país uma imagem aberta e positiva em todos os aspectos, seja no cinema, na literatura ou na arte - temos grandes pintores que andam espalhados pelo mundo. Mas o Almeida Garrett definiu-nos de uma vez para sempre e de uma maneira que se tem de reconhecer que é uma radiografia de corpo inteiro: «O país é pequeno e a gente que nele vive também não é grande.» É tremenda esta definição, mas se tivermos ocasião de verificar, desde o tempo do Almeida Garrett e, projectando para trás, efectivamente o país é pequeno (...), mas o que está em causa não é o tamanho físico do país mas a dimensão espiritual e mental dos seus habitantes. José Saramago, in 'Uma Longa Viagem com José Saramago (2009)

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Divina Comédia


Antero de Quental, 1887


Erguendo os braços para o céu distante
E apostrofando os deuses invisíveis,
Os homens clamam: — «Deuses impassíveis,
A quem serve o destino triunfante, 

Porque é que nos criastes? Incessante
                    Corre o tempo e só gera, inextinguíveis,
Dor, pecado, ilusão, lutas horríveis,
                    N'um turbilhão cruel e delirante... 

Pois não era melhor na paz clemente
Do nada e do que ainda não existe,
                    Ter ficado a dormir eternamente? 

Porque é que para a dor nos evocastes?»
Mas os deuses, com voz inda mais triste,
Dizem: — «Homens! por que é que nos criastes?»
                   
                   *  *  *  *  *  *  *  *  *  
                                                                                    
Na Mão de Deus
Na mão de Deus, na sua mão direita,
Descansou afinal meu coração.
Do palácio encantado da Ilusão
Desci a passo e passo a escada estreita. 

Como as flores mortais, com que se enfeita
A ignorância infantil, despojo vão,
Depois do Ideal e da Paixão
A forma transitória e imperfeita. 

Como criança, em lôbrega jornada,
Que a mãe leva ao colo agasalhada
E atravessa, sorrindo vagamente, 

Selvas, mares, areias do deserto...
Dorme o teu sono, coração liberto,
Dorme na mão de Deus eternamente! 
 Antero de Quental, "Sonetos"

Antero de Quental


(Pintura cuja autoria não foi possível identificar)


Logos
Tu, que eu não vejo, e estás ao pé de mim 
E, o que é mais, dentro de mim — que me rodeias 
Com um nimbo de afectos e de idéias, 
Que são o meu princípio, meio e fim... 

Que estranho ser és tu (se és ser) que assim 
Me arrebatas contigo e me passeias 
Em regiões inominadas, cheias 
De encanto e de pavor... de não e sim... 

És um reflexo apenas da minha alma, 
E em vez de te encarar com fronte calma, 
Sobressalto-me ao ver-te, e tremo e exorto-te... 

Falo-te, calas... calo, e vens atento... 
És um pai, um irmão, e é um tormento 
Ter-te a meu lado... és um tirano, e adoro-te! 


     Voz Interior    (A João de Deus) 

   Embebido n'um sonho doloroso, 
  Que atravessam fantásticos clarões, 
  Tropeçando n'um povo de visões, 
  Se agita meu pensar tumultuoso... 

  Com um bramir de mar tempestuoso 
  Que até aos céus arroja os seus cachões, 
  Através d'uma luz de exalações, 
  Rodeia-me o Universo monstruoso... 

  Um ai sem termo, um trágico gemido 
  Ecoa sem cessar ao meu ouvido, 
  Com horrível, monótono vaivém... 

  Só no meu coração, que sondo e meço, 
  Não sei que voz, que eu mesmo desconheço, 
  Em segredo protesta e afirma o Bem! 
                                                       Antero de Quental, "Sonetos"


























Aniversário de Antero de Quental



Aniversário de Antero de Quental

(O Google assinala o 170º aniversário de Antero de Quental com este grafismo)

"A poesia é a confissão sincera do pensamento mais íntimo de uma idade! Antero de Quental


Antero de Quental-pintura de Rafael Bordalo Pinheiro
Museu do Chiado

Antero Tarquínio de Quental, poeta, filósofo e político nasceu em Ponta Delgada, ilha de S. Miguel, Açores, em 18 de Abril de 1842.
Frequentou a Universidade de Coimbra, tendo passado depois algum tempo em Paris. Viajou pelos Estados Unidos e Canadá, fixando-se em Lisboa.
Desde de jovem que se destacou pelas suas opiniões revolucionárias e pela forma de estar na vida. Lutador e muito coerente com os seus ideais inovadores e socialistas, tão avançados para a época, que seguiu rigorosamente, Antero foi admirado e respeitado. O seu pensamento encontra-se distribuído pela poesia, filosofia e política.
Frequentou a Universidade de Coimbra, tendo passado depois algum tempo em Paris. Viajou pelos Estados Unidos e Canadá, fixando-se em Lisboa.
Foi um dos fundadores do Partido Socialista Português. Em 1869, fundou o jornal A República, com Oliveira Martins, e em 1872, juntamente com José Fontana, passou a editar a revista O Pensamento Social.
Antero defendia a poesia como Voz da Revolução, como forma de alertar as consciências para as desigualdades sociais e para os problemas da humanidade.
Para Antero de Quental, os ideais da fraternidade e solidariedade não poderiam ser em vão. Foi dos primeiros a trazer o socialismo, o republicanismo e o marxismo para a discussão pública.
Foi o maior poeta do Realismo português. Pertenceu à chamada Geração de Setenta, grupo que pretendia renovar a mentalidade portuguesa. Nota-se nas suas obras preocupação com os problemas filosóficos e sociais de seu tempo.
Casa de Antero de Quental
Ponta Delgada, S. Miguel, Açores

Antero atinge um maior grau de elaboração em seus sonetos, considerados por muitos críticos, dos melhores da língua portuguesa. Os sonetos de Antero têm inegável sabor clássico, quer na sua muita musicalidade quer na análise de questões universais que afligem o homem.
Em 1886 foram publicados os Sonetos Completos, coligidos e prefaciados por Oliveira Martins.
Em 1874 adoeceu de psicose maníaco-depressiva, que desde então o afligiu e o seu estado de depressão era permanente. Em Junho de 1891, regressou a Ponta Delgada, acabando por suicidar-se dia 11 de Setembro de 1891, com um tiro no ouvido, disparado num banco de jardim de um convento, no Campo de São Francisco Xavier.
Os seus restos mortais encontram-se sepultados no Cemitério de São Joaquim, em Ponta Delgada.
Devido à sua estadia em Vila do Conde, foi criada nesta cidade, em 1995, o "Centro de Estudos Anterianos".
Fontes:
- Antero de Quental-Bibliografia e Iconografia-1º. Centenário da Morte, publicação da Câmara Municipal da Amadora-Pelouro da Cultura; -FOCUS  Enciclopédia Internacional; - Wikipedia

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Leonardo Da Vinci


Leonardo teria hoje 560 anos

Leonardo Da Vinci, (Anchiano, 15 abril de 1452 – Amboise, 2 de maio de 1519)

Um dos maiores génios do Renascimento Italiano, homem de incontáveis talentos, beneficiou do apoio de mecenas da época e conseguiu proezas no campo de estudos tão variados como Anatomia, Engenharia, Hidráulica, etc. Porém, é mais conhecido como pintor do que como inventor.Acabou por morrer em França, sob a proteção do Rei. Nasceu há 560 anos.As suas obras em pintura mais conhecidas são a Mona Lisa e a Última Ceia. "O Homem de Vitruvio",  é  um dos seus mais fabulosos desenhos, com técnica semelhante ao seu auto-retrato, que aqui deixo.


Titanic, uma viagem sem regresso há 100 anos



                           Pintura de Michel Guy Titanic em Cherbourgh                               
       
Faz esta noite 100 anos que o maior e mais luxuoso navio do mundo se afundou na sua viagem inaugural. A 14 de abril de 1912, cerca das 23:40 horas o Titanic embatia num iceberg no Atlântico Norte e afundava passadas duas horas, levando consigo mais de 1500 almas. Foi o maior desastre marítimo até hoje. 

Passados 100 anos, esta viagem sem retorno é recordada na imprensa mundial e hoje à noite, no local do acidente, haverá uma homenagem às vítimas, num moderno navio de cruzeiros, o Balmoral, que partiu para a mesma rota a 8 de abril, de Southampton até New York; a bordo encontram-se alguns dos descendentes dos sobreviventes do Titanic. Haverá música da época e os décors procuram recriar os momentos mais glamourosos da viagem, nomeadamente servindo os menus originais. Esta "graça" custa por pessoa entre 3.387 e 7255 Euros. Alto preço para exorcizar os fantasmas do passado.
Se for curioso, pode ver aqui o itinerário, o menu e uma galeria com as fotos dos passageiros, vestidos à época. Um evento que pode ter um bocadinho de folclore a mais para evocar um acontecimento tão trágico.


   

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Visita ao Museu do Fado – 18 de Janeiro de 2012


O Museu do Fado foi inaugurado a 25 de Setembro de 1998 e é um museu consagrado ao universo do fado e da guitarra. O museu localiza-se no bairro de Alfama em Lisboa,  Portugal.
O edifício do museu foi outrora uma estação elevatória de águas, a Estação Elevatória do Recinto da Praia.
Este espaço cultural é atualmente uma referência entre os espaços culturais de Lisboa. Conta com uma exposição permanente, um espaço de exposições temporárias, um centro de documentação, uma loja temática, um auditório, um restaurante e a Escola do Museu, onde são ministrados cursos de guitarra portuguesa e de viola de Fado, e onde é possível frequentar um seminário para letristas. A Escola disponibiliza igualmente um gabinete de ensaios para intérpretes.
A Reabilitação
 Reaberto ao público depois de uma renovação da sua exposição permanente, o Museu do Fado oferece uma leitura multidisciplinar da história da canção urbana de Lisboa desde a sua génese até à atualidade. Em exposição o visitante poderá encontrar, a par de uma multiplicidade de objetos ligados à canção de Lisboa (instrumentos, troféus, discos, partituras), o célebre quadro “O Fado”, de José Malhoa bem como obras de Rafael Bordalo Pinheiro, Constantino Fernandes, Cândido Costa Pinto, João Rodrigues Vieira, Júlio Pomar, entre outros artistas portugueses.                                                      
Um conjunto de postos de consulta interativa documentando a história do Fado, possibilitam a consulta das biografias de centenas de personalidades ligadas ao Fado. Ao longo do percurso museológico, o Audi guia permite a audição de várias dezenas de fados.




           

PRIMAVERA !!!!!!!!!!!!!!!


As folhas caíram, o OUTONO passou, o INVERNO se vai e a PRIMAVERA Chegou! Vamos saudar esta estação que vem com muita alegria, flores de todas as cores, azul, amarela, vermelha, laranja com uma suave brisa e um sol a brilhar.
A PRIMAVERA do latim prima verna, ou primeiro verão, eh a primavera das quatro estações do ano.

Primavera cruza o rio
Cruza o sonho que tu sonhas
Na cidade adormecida
Primavera vem chegando.
(Mário Quintana)