Medição da pressão arterial
A hipertensão arterial é o aumento da pressão dentro das artérias acima dos valores de referência, medida por um aparelho manual composto pelo esfingnomanómetro e estetoscópio ou por um aparelho a pilhas. É mais frequente a partir dos 50 anos e idosos.
A pressão arterial é a força com que o coração bombeia o sangue dentro dos vasos sanguíneos. É avaliada pelo volume de sangue que sai do coração e pela resistência que encontra ao circular no organismo. Deve ser medida com o doente em repouso de 15 minutos e confirmada em várias consultas.
A medição tem dois valores, o mais alto traduz a contracção do coração (sístole) e o mais baixo o relaxamento (diástole). Geralmente ambas estão elevadas na hipertensão.
Os valores considerados normais são de 120/70 mmHg. Se o valor for avaliado for superior a 140/90 mmHg durante dois ou três dias confirma-se o diagnóstico de hipertensão, e de acordo com os valores também se classifica a gravidade e avalia os efeitos sobre alguns órgãos, como vasos sanguíneos, cérebro, coração e rins.
Uma elevação ocasional pode ser provocada por exercício físico, nervosismo, drogas, alimentação, fumo, álcool, café e preocupações.
Sinais e sintomas
Geralmente não dá sintomas ou são muito ligeiros e comuns a outras doenças como dor de cabeça, tonturas, enjoo, vómitos, cansaço, falta de ar e sangramento pelo nariz. A ausência de sintomas leva alguns doentes a deixar de tomar os medicamentos porque julgam já não necessitar mas acabam sempre por ter que voltar à medicação.
Numa hipertensão grave ou que se arrasta à algum tempo sem tratamento, além dos sintomas anteriores junta-se o desassossego e a visão esfumada. Pode ser desencadeada por lesões nos órgãos alvo que são o cérebro, olhos, coração, as grandes artérias e os rins.
Origem
Na maioria dos casos não se conhece a causa (hipertensão primária ou essencial). Sabe-se que há uma rigidez das paredes das artérias e que é genético (herdado dos pais) em cerca de 70% dos casos, pelo que deve haver um controle dos filhos de hipertensos, mesmo que não tenham a doença.
Quando se sabe a causa, a hipertensão é chamada de secundária. Pode ter como factor causal a pílula, medicação (corticoides e anti-inflamatórios), o coração bombear com mais força que o normal (frequência cardíaca), as grandes artérias ficarem sem a flexibilidade normal e não se conseguem expandir quando o sangue passa por elas fazendo com que este faça mais força para passar, variação do volume e espessura do sangue ou quando os rins eliminam mal a água e o sal aumentando o volume de sangue e a tensão arterial.
Pode acontecer a situação contrária, a hipotensão (tensão baixa) devido ao coração bombear com menos intensidade, as artérias estão dilatadas e há grandes perdas de líquidos. É devido ao mau funcionamento do cérebro e rins.
Quando há um aumento da tensão arterial, o organismo desenvolve mecanismos de defesa para tentar equilibrar os níveis. Um aumento do volume de sangue faz subir a tensão arterial e dilatação das artérias e uma maior eliminação de água e sódio pelos rins de forma a baixar a tensão. Se as artérias estiverem rígidas (arteriosclerose) não dilatam e a tensão não desce. Se os rins não conseguirem eliminar água e sal com eficácia a tensão tende a subir. Algumas doenças dos rins que podem levar a esta situação são pielonefrite, estenose (aperto) da artéria renal e cancro no rim.
O stress, bebidas alcoólicas, obesidade, droga, alimentação (sal), pílula, medicamentos e falta de exercício físico são alguns factores de risco no surgimento da doença em pessoas que tenham familiares próximos com a doença.
Diagnóstico
Deve-se ter em atenção alguns factores antes de avaliar a tensão arterial:
- O doente deve estar +/- 15 minutos sentado ou deitado
- Após exercício físico ou ingestão de café deve esperar 30 minutos
- O braço avaliado estar pousado
- O manguito (braçadeira) do aparelho deve estar ajustado ao braço e ser o apropriado para a espessura do braço e idade do doente.
Devem ser feitas várias perguntas ao doente, sobre o seu estilo de vida, hábitos alimentares e medicação que toma de forma a se poder fazer a história clínica com esses dados.
A hipertensão arterial obriga o coração a um trabalho maior para conseguir bombear o sangue com a pressão elevada. As alterações do coração são avaliadas pelo electrocardiograma e RX ao tórax.
É importante detectar o factor que desencadeou a doença através de radiografias, ecografia aos rins para observar o funcionamento e fornecimento de sangue a estes. Realizar análises ao sangue para avaliar os valores de algumas hormonas e alteração dos valores renais (provas renais). Nas análises à urina a presença de sangue e proteínas (exemplo albumina) é indicativo de alterações no rim.
Tratamento
Esta doença não tem cura, o tratamento previne as complicações. A avaliação da tensão deve ser constante e a medicação tomada diariamente. A alteração dos hábitos de vida, principalmente a alimentação, pode ser suficiente para controlar a doença.
Se estas medidas não resultarem o médico poderá recorrer a medicamentos de várias classes. Existe situações em que é necessário recorrer a medicamentos em simultâneo para aumentar a eficácia. Geralmente o tratamento é feito em casa.
Se a hipertensão for secundária, esta melhora depois de se tratar a causa.
Prognóstico
Se a tensão arterial não for controlada o doente tem maior risco de sofrer aterosclerose (obstrução de uma artéria por uma placa de ateroma - gorduras) e provocar acidente vascular cerebral (trombose), problemas cardíacos (ex: enfarte), diminuição da visão devido a lesões na retina e insuficiência renal.
- Classificação da Sociedade Européia de Hipertensão e Sociedade Européia de Cardiologia.
Categoria | PA diastólica (mmHg) | PA sistólica (mmHg) |
---|---|---|
Pressão ótima | < 80 | <120 |
Pressão normal | 80-84 | 120-129 |
Pressão normal alta | 85-89 | 130-139 |
Hipertensão grau 1 | 90-99 | 140-159 |
Hipertensão grau 2 | 100-109 | 160-179 |
Hipertensão grau 3 | ≥110 | ≥180 |
Hipertensão sistólica isolada | < 90 | ≥140 |
Sem comentários:
Enviar um comentário